segunda-feira, 15 de março de 2010

7 - A ILHA ACHALE

Viriato decidiu ouvir os sábios conselhos do Endre Idevor à ilha sagrada de Achale, junto ao promontório Cepréssico, onde se conservam as tradições culturais.
Partiu acompanhado dos seus mil soldúrios (soldados) , transpuseram o rio Tagus e dirigiram-se à cidade de Cetóbriga (Troia). Dali, saiu, numa barca de couro acompanhado dos fiéis amigos, os cavaleiros Ditálcon, Andaca e Minuro, a foz do rio Sado em direcção ao promontório de trás do qual se ocultava a ilha sagrada de Achale.Ditálcon disse que fora naquela ilha que muitas famílias se refugiaram depois da chacina provocada por o general Galba, junto do Deus Endovélio, para curarem as suas feridas.
Andaca e Minuro estavam ansiosos por porem pé naquela terra mágica que tanto ouvira falar.Viriato conservava-se concentrado e silencioso e enquanto a barca deslizava por entre um nevoeiro profético.

A barca, saindo do nevoeiro, chegou às rochas escarpadas da ilha, sobre a qual se erguia uma torre redonda de três andares. Erecta sobre o promontório, a torre de surpreendente elegância, era construída de fortes blocos, tendo a encimar uma pedra de forma cónica. O interior era alumiado por seteiras, e a única porta de entrada estava só acessível por uma escada móvel. Ali na torre se conservava o Fogo perpétuo consagrado ao Deus Sanham, o Julgador dos mortos, cujos ritos se celebram no primeiro dia de Novembro.
Viriato e os seus companheiros desembarcaram. Idevor com um longo séquito de Endres, veio ao seu encontro, entre músicas ruidosas e hinos festivais foram dirigidos à sala do banquete. Enquanto Viriato se sentava à cabeceira da mesa, entraram na sala nove donzelas encantadoras, das mais belas do tipo da raça, de longos cabelos castanhos, que dançavam e cantavam em uníssono, quando uma voz de uma beleza divinal, descendo lentamente do primeiro andar da torre uma donzela de uma graça e beleza sobre-humana trazia uma taça de ouro que estendeu a Viriato:
- Bem Vindo! Viriato. Só para ti, e com a minha felicidade.
Viriato bebe pela taça e disse:
- A tua saúde e para sempre. Idevor ergueu as mãos e abençoando-os: Viriato e Lísia.
As nove donzelas cantaram um hino de amor, ao som de instrumentos muito antigos.
No segundo dia Idevor levou Viriato ao primeiro andar e ambos, fitando o mar, Idevor falou: - Não serão só os Romanos que vão querer subjugar as tribos lusitanas, outros virão com o mesmo propósito de possuir pela força da conquista. A Lusitânia pode ser temporariamente vencida mas nunca será subjugada, porque a liberdade susterá nas almas, e mais tarde ou mais cedo, renascerá em restauração gloriosa.
- Tens a força material, nessa Espada Gaizus, que te torna invencível: a força moral é a que não se extingue e mais se comunica. Já que serves com lealdade a Lusitânia é preciso que o teu espírito seja apoiado pela Tradição da nossa raça que a conheças porque a tua memória sobreviverá nela. E com esta força de resistência imanente na nossa raça que deves contar; ela vale muito mais de que muitos exércitos disciplinados; estes morrem mas esse sentimento é inextinguível. A Lusitânia não é somente um território, maior ou menor, que nos agrega; é uma alma, o seio que nos une a todos. Vês esse Mar imenso? As grandes Navegações fundarão novos Impérios em vastos continentes agora ignorados. É este o destino da Lusitânia disse o Sábio Ivenor prevendo o futuro da raça.


Era tempo de partir, o seu povo estava a precisar do seu comando. A barca de couro já estava pronta. Lísia veio despedir-se dele acompanhada das nove donzelas. Viriato voltaria para unir o seu destino ao de Lísia sob as bênçãos do Endre Ivenor.

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